12/12/2016

Alamoa

Lenda da Alamoa

Personagem: Duende feminino (mito) aparentando uma mulher branca, loura, nua e de beleza provocante.

Descrição: Existem duas versões mais populares. Segundo Luís da Câmara Cascudo, "Às sextas-feiras a pedra do [Morro do] Pico [elevação rochosa da região que tem 323m] se fende e na chamada porta do Pico aparece uma luz. A Alemoa vaga pelas redondezas. A luz atrai sempre as mariposas e os viajantes. Quando um destes se aproxima da porta do Pico, vê uma mulher loura, nua como Eva antes do pecado. O níveo corpo é mal encoberto pela coma loura que vai quase no chão. Os habitantes de Fernando de Noronha chamavam-na alemoa, corruptela de alemã, porque para eles mulher loura só podia ser alemã. A Vênus insular parece ter sido feita para satisfazer a volúpia dos homens. O passante incauto não resiste à fascinação daquela ninfa sedutora que o chama com a voz quente das grandes apaixonadas. O enamorado viandante entra na porta do Pico, crente de ter entrado num palácio de Venusberg, para fruir as delícias daquele corpo fascinante. Ele, entretanto, é mais infeliz que o cavaleiro Tannhauser. A ninfa dos montes transforma-se numa caveira baudelairiana. Os seus lindos olhos, que tinham o lume das estrelas, são dois buracos horripilantes. E a pedra logo se fecha atrás do louco apaixonado. Ele desaparece para sempre. A angústia de seus últimos gritos ressoa ainda durante muitos dias pelos flancos do Pico, escapando-se das fendas profundas do monte e misturando-se ao uivo dos montados e ao silvo dos ventos do sueste".

Noutra versão, conforme Mário Melo, "No alto da baliza [Pico] aparece uma luz peregrina - alma errante de linda francesa, algumas vezes encarnada em  ser humano. Viram-na sentenciados aos quais a francesa lhes ofereceu um tesouro. Certo dia um presidiário pescava sozinho ao escurecer. Sentiu presa ao anzol. Ergueu a vara. Era o rosto da francesa em corpo de sereia. O pescador correu e a visão o chamou miserável por não ter querido desenterrar o tesouro. E a luz há de viver no Pico, com fogo-fátuo, até que um dia o ouro que o espírito guarda seja dado a alguém".

Motivação: Apenas a versão descrita por Mário Melo indica um propósito para a Alamoa.

Comentários: Embora ambas as versões apresentadas estejam ligadas ao Morro do Pico, existem ainda variações que descrevem a Alamoa como um fantasma de uma loura que aparece nas vésperas de tempestade, dançando na praia à luz de relâmpagos ou ainda montada sobre cães selvagens nos altos dos montes, como o Morro do Francês e o Morro do Espinhaço, os quais soltam longos e sinistros uivos. O próprio Cascudo admite que a Alamoa é um processo comum de convergência de vários outros mitos, como a Dama Branca e mulheres encantadas.
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