20/12/2016

Aracne

Aracne - A tecelã

Aracne era uma jovem habitante da região da Lídia que se tornou muito famosa por sua extraordinária e perfeita habilidade de bordar. A perfeição de seu trabalho era tanta que em toda a região não existia adversárias a sua altura e todos a admiravam como a melhor tecelã existente. Porém, sua grande fama lhe tornou presunçosa, quando então começou a comparar-se à própria deusa Atena, dizendo inclusive ser superior a esta.

Quando a notícia chegou ao Olímpio, Atena, deusa da Razão superior e mestra da tecelagem, ficou irritada com a ousadia da humana e assim a desafiou, elaborando um concurso de habilidade. Contando com a presença de todos os deuses, o concurso foi iniciado. Atena bordou as doze divindades do Olímpio em sua majestade e, nos quatro cantos da obra, evocou os castigos nos quais incorrem os mortais que ousam desafiá-las. Não se importando com essa advertência, Aracne representou em seu bordado os amores dos deuses pelas mortais.

Ultrajada, Atena bateu na jovem com sua navete. Desesperada, Aracne quis enforcar-se, mas Atena a impediu e a metamorfoseou em aranha. Desde então, Aracne não cessará de balançar-se na ponta de seu fio.

Em outras versões, Aracne quis se matar porque Atena teria rasgado sua obra e, após ser impedida pela deusa, foi por esta transformada em animal como sinal de piedade. Contudo, nenhuma das versões existentes revela quem realmente venceu o concurso de tecelagem, mas deixam certo que a deusa Atena não encontrou erro algum no perfeito trabalho de Aracne. Os deuses bordados pela humana foram Zeus, Apolo, Dionísio e Cronos.

Aracne é o símbolo da queda do ser, da ambição demiúrgica punida e, portanto, uma advertência: "Ninguém pode rivalizar com os deuses".

Desenho para ilustração da edição de Inferno de Dante

O papel da aranha na mitologia também apresenta outras qualidades, como criadora cósmica, divindade superior e representante ou condutora das almas. Anansi da Costa do Ouro é um exemplo da presença do elemento na mitologia africana.

Aqui no Brasil existe o relato de Silva Campos em "Contos e Fábulas Populares do Brasil": "Quando Nossa Senhora fugia para o Egito, com São José e o Menino Deus, perseguida pelos soldados do rei Herodes, escondeu-se numa gruta e a aranha teceu rapidamente uma teia na entrada, cobrindo-a inteiramente. Os soldados, passando por ali, não procuraram os fugitivos dentro da gruta porque a teia mostrava que há muito tempo pessoa alguma entrava ali. Se o tivesse feito, a teia estaria rompida. Deixando o refúgio, Nosso Senhor abençoou a aranha e sua teia".
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