Criado pelo escritor e jornalista japonês Koushun Takami em 1996 e publicado pela editora Ohta Publishing em 1999, Battle Royale (ou Batoru Rowaiaru) se ambienta numa versão fictícia do Japão de 1997, controlado por um estado policial conhecido como a República da Grande Ásia Oriental, e conta a história de um grupo de jovens do ensino médio que são obrigados a lutar um contra o outro até a morte num programa militar administrado pelo governo.
Na história, logo após a Segunda Guerra Mundial, ocorre uma grande revolta populacional no Japão que é seguida de uma repressão das Forçadas Armadas combinada com as Forças de Polícia que acaba por originar um governo autoritário chamado de a República da Grande Ásia Oriental, colocando em cena um ditador sem nome com um forte culto de personalidade capaz de dobrar os caprichos da população. Ou seja, o governo passa a controlar tudo e qualquer coisa "imoral", banindo expressões como a música rock e permitindo apenas aquelas que celebrem o governo.
Entre as diversas ações deste novo governo, se destacou o programa militar chamado "Programa de Experiência de Batalha No. 68", em qual a cada tempo alunos de cinquenta classes do terceiro ano do ensino médio (9º ano) de alguma escola selecionada aleatoriamente são sequestrados e colocados num local remoto (uma ilha) e então forçados a matarem um ao outro até que apenas um aluno de cada classe permaneça vivo. A opinião dos adultos é que este programa foi criado para ajudar o governo e sua habilidade militar de Pesquisa sobre Sobrevivência e Prontidão de Batalha, mas na verdade seu real motivo é inculcar o terror e a desconfiança entre todos os cidadãos do Japão para conter qualquer tentativa de novas rebeliões, revelando o poder e a capacidade do governo em atingir famílias de cidadãos e inserir o medo de ser morto por um amigo.
O combate entre esses estudantes funciona da seguinte forma: após acordarem numa sala de uma ilha pequena, desocupada e cercada por tropas, os estudantes são informados que foram escolhidos para participar do Programa e que, ao subirem para a ilha, terão três dias para matarem os outros até que sobre apenas um vivo caso contrário os colares de metais que estão em seus pescoços irão explodir, matando-os instantaneamente. Em seguida, cada estudante recebe um pacote de sobrevivência e um item aleatório e são enviados para a ilha. Esses itens podem ser qualquer coisa, como uma arma de fogo, uma arma branca, um colete à prova de balas, um sinalizador de proximidade ou ainda algo relativamente inútil como um garfo ou dardo.
Como forma de garantir que os participantes cumprirão sua parte no "jogo", o governo colocou colares de metal no pescoço dos estudantes que, além de rastrearem suas respectivas posições ainda transmite áudio, permitindo que esquemas e possíveis planos de fuga sejam destruídos precocemente. Outro recurso desses colares é que eles explodirão caso permaneçam numa "Zona Proibida" ou também caso alguém tente removê-los. "Zona Proibida" são áreas da ilha escolhidas aleatoriamente que aumentam à medida que o Programa avança, forçando os estudantes a ficarem mais próximos uns dos outros.
Carregado de violência intensa e sangrenta, a própria mídia japonesa considerou Battle Royale controverso, tornando-se infame não só no Japão, mas em torno da mundo e chegando até a ganhar o status de culto. Mas isso não foi suficiente para impedir seu sucesso, motivo pelo qual ele logo se tornou um bestseller no Japão após seu lançamento em 1997. No ano de 2000, Battle Royale recebeu uma adaptação homônima para mangá, escrita pelo próprio Koushun Takami, e um longa-metragem também de mesmo nome. Este mangá foi ilustrado por Masayuki Taguchi e serializado pela companhia Akita Shoten na revista Young Champion durante os anos de 2000 a 2005, sendo posteriormente agrupados em 15 volumes e publicados em inglês pela Tokyopop entres anos de 2003 a 2006. Ele expande mais a história do romance, mostrando a história de cada um dos estudantes, trazendo ainda um conteúdo mais sexual sem se abster da violência característica do original. A adaptação inglesa do mangá Battle Royale fez várias mudanças (como sempre) na história original, retratando inclusive que o Programa era um reality show de tv. Aqui no Brasil, o romance foi lançado em 2014 pela editora Globo Livros e a Conrad Editora se encarregou de publicar o mangá entre 2007 e 2011.
Já o filme, tal como o romance, foi controverso e bem-sucedido, tornando-se um dos filmes com maior bilheteria do ano, apesar de condenado pelo Dieta Nacional do Japão, poder legislativo bicameral do Japão, sendo banido em vários países e aclamado nos demais. Este filme foi dirigido por Kinji Fukasaku e escrito pelo seu filho Kenta Fukasaku. Uma sequência intitulada Battle Royale II: Requiem foi lançada em 2003, seguindo os passos de Shuya Nanahara, sobrevivente do BR I e então líder do grupo terrorista internacional anti-BR (Battle Royale) e anti-governo.
No ano de 2006, havia notícias de que Battle Royale receberia uma adaptação no cinema norte-americano por meio do estúdio New Line Cinema e dos produtores Neil Moritz e Roy Lee, contudo o "Massacre de Virginia Tech" ocorrido em abril de 2007 tirou a coragem da empresa. Daí, depois do lançamento do filme Jogos Vorazes (2012 - Gary Ross), Roy Lee revelou que o remake não seria mais possível devido a extrema semelhança nas histórias. Vale salientar que Jogos Vorazes fora baseado no livro homônimo escrito em 2008 pela escritora norte-americana Suzanne Collins, a qual jura que desconhecia a obra de Koushun Takami até a dela tivesse sido publicada. Já em 2012, foi cogitada a possibilidade de adaptar Battle Royale para a uma série de TV norte-americana, contudo os terríveis acontecimentos do "Massacre em Aurora" e o "Tiroteio na escola primária de Sandy Hook" ocorridos ambos em 2012 impediram que isso se tornasse realidade.
Desde a divulgação do romance e de sua adaptação cinematográfica, Battle Royale exerceu uma influência enorme nas obras posteriores. Vemos isso nos filmes do Quentin Tarantino, mais notadamente a franquia Kill Bill; noutros exemplos como Juno (2007), The Condemned (2007), Kill Theory (2009), The Tournament (2009) e The Belko Experiment (2016). Em seriados de tv, como Lost (2004-2010) e Community (2009-2015). Em mangás e animes, como Avengers Arena (2012-2013) e a franquia Gantz. E em videogames, onde parece que irá perdurar por bastante tempo. Começando com exemplos mais simples, como The World Ends with You (2007) da Square Enix e Danganronpa (2010), Battle Royale resultou num gênero de jogo survival de mata-mata multiplayer que se tornou bastante popular desde 2010, tendo como exemplo Day Z, H1Z1: King of the Kill, PlayerUnknown's Battlegrounds e Fortnite.
Segue resumos dos produtos da franquia Battle Royale:
Romance:
Battle Royale (1999 - Koushun Takami)
Mangá:
Battle Royale (2000-2005 - Koushun Takami)
Battle Royale II: Blitz Royale (2003-2004 - Hitoshi Tomizawa)
Battle Royale: Angels' Border (2014 - Koushun Takami)
Battle Royale Ultimate Edition (2007-2009)
Filmes:
Battle Royale (2000 - Kinji Fukasaku)
Battle Royale II: Requiem (2003 - Kinji Fukasaku/Kenta Fukasaku)
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