Considerados capazes de atrair algo, como sorte, dinheiro e felicidade, os talismãs são objetos aos quais se atribuem supersticiosamente alguma virtude sobrenatural e que conferem àquele que o possui poderes mágicos. Quer saber mais sobre esses elementos capazes de atrair sorte, amor, saúde, riquezas, poder e felicidades? Então, acompanhe este post.
Etimologia
Nosso termo talismã equivale ao Inglês talisman que vem do Francês talisman, que deriva do Árabe tilism (de plural talassim), que provém do Grego antigo telesma, que significa "conclusão, rito religioso, pagamento", estando atrelado ao verbo teleō, que quer dizer "eu concluo, realizo um ritual".
Simbolizando o poder benéfico da sorte, os talismãs foram utilizados para atrair eventos favoráveis por muitos milhares de anos (e ainda o são). Na Antiguidade e na Idade Média, por exemplo, a maioria dos judeus, cristãos e muçulmanos no Oriente acreditavam no poder de cura e de proteção dos amuletos e talismãs. Esses últimos, por sua vez, podiam ser divididos em três categorias principais: aqueles transportados ou usados sobre o corpo; aqueles que eram pendurados acima ou no leito de uma pessoa enferma; e, por último, aqueles com qualidades medicinais (subdivididos em externo e interno). Dessa forma, percebe-se que a origem dos talismãs tanto podem ser religiosas quanto supersticiosas, sendo frequentemente simbólicos do desejo de atrair o bem.
Em outras palavras, o talismã pode ser entendido como um tipo de mascote ou objeto mágico, tal como o amuleto, mas de força ativa. Isto é, crê-se que o talismã determina uma ação direta, com propósito específico, pondo à disposição do seu portador o serviço de entidades mágicas, ou facilitando a realização de todos os desejos. A seguir, alguns dos mais populares talismãs de que se tem registro.
Etimologia
Nosso termo talismã equivale ao Inglês talisman que vem do Francês talisman, que deriva do Árabe tilism (de plural talassim), que provém do Grego antigo telesma, que significa "conclusão, rito religioso, pagamento", estando atrelado ao verbo teleō, que quer dizer "eu concluo, realizo um ritual".
Simbolizando o poder benéfico da sorte, os talismãs foram utilizados para atrair eventos favoráveis por muitos milhares de anos (e ainda o são). Na Antiguidade e na Idade Média, por exemplo, a maioria dos judeus, cristãos e muçulmanos no Oriente acreditavam no poder de cura e de proteção dos amuletos e talismãs. Esses últimos, por sua vez, podiam ser divididos em três categorias principais: aqueles transportados ou usados sobre o corpo; aqueles que eram pendurados acima ou no leito de uma pessoa enferma; e, por último, aqueles com qualidades medicinais (subdivididos em externo e interno). Dessa forma, percebe-se que a origem dos talismãs tanto podem ser religiosas quanto supersticiosas, sendo frequentemente simbólicos do desejo de atrair o bem.
Em outras palavras, o talismã pode ser entendido como um tipo de mascote ou objeto mágico, tal como o amuleto, mas de força ativa. Isto é, crê-se que o talismã determina uma ação direta, com propósito específico, pondo à disposição do seu portador o serviço de entidades mágicas, ou facilitando a realização de todos os desejos. A seguir, alguns dos mais populares talismãs de que se tem registro.
Bico de Anu-Preto: [PRÁTICA ILEGAL] Similar a Pedra de Bucho, é um poderoso talismã afrodisíaco, que deve ser carregado junto ao corpo para que tenha efeito. O ritual de preparo exige que ninguém veja o portador matando o pássaro, para tirar-lhe o bico, caso contrário o encanto se desfaz. Vale salientar que essa prática é um exemplo daqueles tipos de crimes que levam a extinção de uma espécie animal. O anu-preto, também chamado anum-preto, é uma ave da família Cuculidae (subfamília Crotophaginae) que ocorre da Flórida à Argentina e em todo o território brasileiro.
Imagem do Maneki-Neko com a pata direita levantada. |
Canela de Socó: [PRÁTICA ILEGAL] Socó é o nome tupi que designa várias aves da família dos ardeídeos comuns na região do rio Formoso do Araguaia, que se alimentam de peixes, moluscos, anfíbios e répteis às margens de rios e lagos, permanecendo imóvel enquanto espera sua presa. A mais famosa na região é o Socó-boi, que recebe esse nome em razão de seu canto se assemelhar ao mugido de um boi. Infelizmente, esse é mais um exemplo de talismã que exige o sacrifício da ave, seguido dos serviços de um pajé ou feiticeiro para que então se transforme em objeto que traz sorte para o portador que adentra a mata. Vale salientar que essa prática é um tipo de crime que pode levar esses pássaros a extinção.
Carpa: Na Polônia, onde existe a tradição de se comer carpa na véspera do Natal, crer-se que manter as escamas deste peixe na carteira, atrai prosperidade e sorte ao longo do novo ano que chega. No Japão, existe uma lenda que diz que Koi Fish (carpa em japonês), após lutar contra a correnteza e subir o rio, transformou-se em um Dragão. Assim, devido a sua força e determinação em superar obstáculos, os japoneses consideram a Carpa como símbolo de perseverança, trazendo muito sucesso e ascensão pessoal ao seu portador. Na China, a Carpa é considerada um animal honrado, ao ser capturada, é um dos poucos peixes que não se debatem. Devido a sua característica de também ser um animal forte, que nada contra a correnteza, ela é o símbolo principal da honra Chinesa.
Estátuas de Louça (e outros materiais): Diversas figuras de louça são usadas para atrair sorte e dinheiro, atuando como uma das mais famosas superstições para fortuna no mundo. Devido aos altos níveis de inteligência e vida longa, os Elefantes representam a sabedoria e a longenvidade, sendo considerados em diversos países do Sudeste Asiático e em especial Índia, onde seu deus Ganesh é o removedor de obstáculos e portador da sorte, como símbolos de sorte. Por este motivo acredita-se que a estátua de um Elefante (geralmente, de costas) na entrada da casa, ou de um estabelecimento comercial, atrai dinheiro e sucesso nos negócios. Na Austrália, quando os aborígenes por lá chegaram, acreditavam que os sapos traziam os trovões e a chuva, necessário para o cultivo das plantações, e, por este motivo, a imagem deste animal logo foi associada a prosperidade, abundância e boa sorte. Hoje chamado de Sapo da Fortuna, são muito usados para atrair riqueza, devendo ser colocado sobre uma mesa e com uma moeda em sua boca. Para os japoneses, existem inúmeros exemplos dessas estátuas, sendo mais populares o Daruma (miniatura do monge que teria fundado o Zen Budismo); Maneki-Neko (remete a lenda do "gato financeiro"); o Tanuki (animal fictício que traz alegria e bondade); o Omamori (originário do Xintoísmo, pode ser em madeira ou papel); e os Sete Deuses da Felicidade (remete a lenda do Shichifukujin Meguri ou a Visita dos Sete Deuses da Felicidade). Na China, as imagenzinhas do Buda da Riqueza (aquela sorridente) é bastante popular por acreditarem que ele atrai fortunas. Na cultura alemã, os Porcos representam prosperidade e riqueza. E por isso, no Ano Novo, a tradição indica que se deve oferecer porquinhos confeccionados em marzipã para todos àqueles que se quer bem. Na Suécia, um famoso símbolo de boa sorte é o Cavalo de Dalarna ou Cavalo Dalecarliano, figura em madeira tradicional da região de Dalarna, com forma de um cavalo e geralmente pintada de vermelho. Sua lenda apócrifa conta que, soldados leais ao rei Carlos XII foram alojados na região Dalarna e esculpiam os brinquedos como presentes para seus anfitriões em 1716. No Egito, os Escaravelhos são vistos como insetos que trazem sorte, e que representam o renascimento e a transformação. Consideram que este inseto é o símbolo do Sol nascente e protetor de todo o mal (amuleto).
Ferradura: Símbolo bastante conhecido nos EUA por atrair sorte, a Ferradura é muito utilizada atrás das portas de residências e de comércio, para atrair prosperidade e quebrar as negatividades. Como um corpo, acredita-se que se você a deixar de "boca para cima", a sorte será mantida. Do contrário, deixando-a de "boca para baixo", a sorte escapará.
Figa: No Brasil e em Portugal, se acredita que a Figa é capaz de armazenar toda a sorte que o portador ainda não utilizou, sendo que perdê-la ou quebrá-la, significa dizer que a sorte de seu portador acabou. Nestes mesmos países, a Figa é ainda utilizada como amuleto contra o olho gordo. Entretanto, acredita-se que este gesto com um polegar entre os dedos ter se originado na cultura da Índia antiga, como representação do Lingam unido ao Yoni, que significa "a indivisibilidade do homem e da mulher, o espaço passivo e o tempo ativo a partir do qual toda a vida tem origem". Na Itália, esse sinal era conhecido como Mano in Fico (mão de figo) ou Far le Fiche (gesto de boceta), pela semelhança com a genitália feminina, representando um gesto comum e muito rude nos séculos passados e associado ao erotismo, semelhante ao dedo médio levantado, mas há muito tempo caiu em desuso. Na Grécia e particularmente nas Ilhas Jônicas, esse gesto ainda é usado como uma alternativa à moutza. É conhecido como "punho-falo" e pode ser acompanhado pela extensão da mão direita enquanto aperta a mão esquerda sob a axila de uma maneira depreciativa.
Fita do Senhor do Bonfim: Com seu primeiro registro datado de 1809 na cidade de Salvador na Bahia, época em qual era conhecida como "Medida do Bonfim", por ter justamente 47 centímetros (conhecidamente o comprimento do braço direito da estátua de Jesus Cristo, Senhor do Bonfim, que ficava no altar da Igreja do Senhor do Bonfim), a "Fitinha" do Senhor do Bonfim é um talismã típico do Brasil que é utilizado, não apenas por cristãos católicos, mas por uma diversidade de povos para realizar 3 desejos. Apesar de apresentar variações consideráveis ao longo do tempo, o ritual folclórico/religioso mais comum exige que ela seja enrolada no pulso e atada com 3 nós, 1 para cada desejo, os quais deverão ser mantidos em segredo até que a fita se rompa por desgaste natural, fato que indicará que os desejos foram atendidos. Devido ao forte sincretismo existente na Bahia, esse talismã, que é fabricado em 12 cores distintas, foi inserido nas religiões afro-brasileiras (Candomblé, Umbanda ou Quimbanda), tendo cada uma das suas cores associadas a um Orixá. Acreditam que a Fita do Senhor do Bonfim possui mais "força" quando o portador ganha ela.
Grilo: Aborígenes americanos consideravam que os Grilos eram portadores de sorte. Dessa forma, acreditavam que imitar o seu "canto" algo extremamente desrespeitoso. Os chineses preferem carregá-los junto ao peito para ajudar a enfrentar as fases ruins na vida ou para espantar tristeza, sendo que também acreditam que o pouso de um Grilo sobre uma pessoa significa muita sorte. Para os Nativos do oeste dos EUA, os grilos são considerados percursores de problemas, enquanto para aqueles da América do Sul, são um sinal de boa sorte. Os cheyennes acreditavam que os Grilos podiam predizer os movimentos dos rebanhos de búfalos, enquanto tribos do Sudeste, como os Cherokee, os retratavam como seres que conseguiam ter sucesso em qualquer empreendimento apesar do seu tamanho. Como produto desta mistura de culturas, muitos hoje consideram que os Grilos são capazes de prever chuvas, morte, má sorte, boa sorte, ganho financeiro ou retorno de amores antigos.
Joaninha: De acordo com a biologia, o inseto é capaz de atuar como controle biológico, isto é, ela consegue diminuir a população de organismos considerados pragas (parasitas, fungos e pulgões), protegendo, por conseguinte, as plantações. Por este motivo, ela sempre foi considerada uma benção pela religião católica na Antiguidade. Na Era Medieval, a Joaninha era chamada de "besouro de Nossa Senhora", sendo sua figura associada com a sorte, fé, felicidade, serenidade e boa fortuna.
Lâmpada de Aladim: Popularizada no mundo inteiro através do conto Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (1709), que fora acrescentada à coletânea árabe As Mil e Uma Noites pelo orientalista francês Antoine Galland, esse talismã era uma lamparina semelhante àquelas utilizadas na iluminação doméstica, mas que continha um "gênio" (em árabe djin) que a habitava e que era capaz de realizar todo e qualquer desejo a ele dirigido. Esse objeto é a essência do talismã. Apesar de provindo da literatura, tal como o anel de Polícrates, a Lâmpada de Aladim vive até os tempos atuais e pessoas ainda fantasiam em encontrá-la.
Moedas e Arroz: Na China, é costume fazer uso de moedas e do arroz para atrair fortunas. É muito comum encontrar nas casas três moedas chinesas presas no meio por um cordão vermelho, que dizem atrair bons negócios e prosperidade. Por lá existe também o costume de colocar a imagem do Buda da Riqueza em um pires com moedas ou arroz para atrair sorte, fortuna e alegria. É bastante comum também ver chineses espalharem moedas e arroz no chão de suas casas para atrair dinheiro e fortunas.
Morcego Vermelho: Especialmente na China, acredita-se que o morcego vermelho (não. não é o super-herói da Disney) atrai felicidade. Os chineses o vêm como um símbolo de logenvidade e boa sorte, acreditando também que ele é responsável por afastar o mal (amuleto). Vale salientar que, o morcego-vermelho (myotis ruber), que está ameaçado de extinção, recebe este nome por apresentar pelos avermelhados.
Número 8: Os chineses tendem a usar esse número na escolha de datas para eventos e decisões importantes. Como vimos no post 13 - Os Números de Poder, acontece que a palavra chinesa para "oito" e a palavra para "riqueza" são muito semelhantes, e por isso eles acreditam que este número seja extremamente sortudo.
Olho de Boto: [PRÁTICA ILEGAL] A partir da Lenda do Boto, criou-se a ilusão de que capturar um boto, arrancar seus olhos (matando-o, por conseguinte), prepará-los junto a um pajé ou feiticeiro e carregá-los junto ao corpo traria para o portador sucesso na conquista das mulheres. Vale salientar que essa prática é um exemplo daqueles tipos de crimes que levam a extinção de uma espécie animal.
Ovo: As superstições sobre o Ovo estão ligadas, em sua maioria, ao espírito da fecundidade, por este motivo, muitas culturas antigas o consideraram símbolo de fertilidade e renascimento. Na Inglaterra, presentear alguém com um ovo branco significa desejar sorte, mas ao fazer o mesmo gesto com um Ovo marrom, estará se desejando tanto sorte, como felicidade. Antes de Cristo, a cultura "pagã" realizava a troca de ovos no Equinócio da Primavera. Contudo, após a Páscoa cristã começar a ser celebrada, o festejo da Primavera "pagão" foi integrado à Semana Santa e os cristãos passaram a ver o Ovo como um símbolo da ressurreição de Cristo.
Pedra de Bucho: Também conhecido como benzoar, trata-se na verdade de cálculo biliar bovino, sendo considerado um poderoso talismã afrodisíaco, além de ser grande remédio. Como talismã, ele deve ser carregado em segredo e muito bem escondidos para que afastem a impotência sexual. Dizem que suas propriedades milagrosas são capazes de curar pessoas acometidas por qualquer tipo de veneno, seja de cobra, escorpião ou aranha, além de extrair todo o veneno da corrente sanguínea.
Peixe: Alguns talismãs também podem ser utilizados como sinal ou código de uma crença particular. Por exemplo, para os Cristãos, o peixe era um símbolo de Cristo e foi usado por estes como senha quando eram perseguidos pelos Romanos. Já para os Orientais, o peixe é um talismã para se ter em casa e em dupla (para atrair em dobro), sendo símbolo de prosperidade, riqueza, abundância e fertilidade.
Pergaminho Talismânico: Datado do século XI, foi descoberto no Egito e produzido no Califado Islâmico Fatímida (909-1171 EC). Ele reside na coleção do Metropolitan Museum of Art (Nova York, NY), juntamente com vários outros amuletos e talismãs islâmicos medievais que foram doados ao museu pela família Abemayor em 1978. Apresentando cerca de 15cm por 15cm em tamanho, o rolo de papel em miniatura contém uma combinação de orações e versículos do Alcorão e foi criado para ser colocado em uma caixa de amuleto. Esta gravura em bloco traz Kufic, a mais antiga caligrafia árabe, bem como o Selo de Salomão, uma estrela com seis pontos que foi identificada em um grande número de obras de arte islâmicas do período.
Selo de Salomão: Também conhecido como Triângulo Entrelaçado ou Signo Salmão, é um antigo talismã e amuleto que tem sido comumente usado em várias religiões. O triângulo com seu ápice para cima era típico da Trindade, que, como vimos no post 13 - Os Números de Poder, trata-se de uma figura que ocorrem em várias religiões. O triângulo com seu ápice para baixo simbolizava o elemento água e tipificava o mundo material, ou os três inimigos da alma: o mundo, a carne e o diabo, e os pecados capitais, inveja, ódio e malícia. Portanto, os dois triângulos entrelaçados representam a vitória do espírito sobre a matéria. As primeiras culturas que contribuíram para a civilização ocidental acreditavam que o Selo de Salomão era um talismã e amuleto todo-poderoso, especialmente quando usado com uma cruz de Tau, o hebraico Yodh ou o egípcio Crux Ansata no centro.
Suástica: Um dos mais antigos e difundidos talismãs conhecidos, pode ser rastreada até a Idade da Pedra, e foi encontrada incisão em implementos de pedra desta época. Também conhecida como cruz gemada, este símbolo místico foi encontrado em muitas culturas, de tempo diferentes, como os índios Hopi, Astecas, Celtas, Budistas, Gregos e Hindus. Pode ser encontrado em todas as partes do Velho e Novo Mundo, e nas ruínas e remanescentes mais pré-históricos. Ambas as formas, com os braços virados para a esquerda e para a direita, parecem igualmente comuns. Nas paredes de pedra das cavernas budistas da Índia, que apresentam muitos dos símbolos, os braços são frequentemente virados para os dois lados na mesma inscrição. Apesar da afirmação de alguns escritores de que foi usada pelos egípcios, há pouca evidência para sugerir que eles a usaram e ela não foi encontrada entre seus restos mortais. Em função do Nazismo, há quem não saiba que a suástica é um símbolo que representa "boa sorte" para muitos povos. A que Adolf Hitler utilizou foi a Budista, que significa "bons ventos". Deste modo, este poderoso símbolo talismânico foi transformando em algo repugnante para todo o mundo.
Trevo de Quatro Folhas: É um dos símbolos mais antigos para atrair boa fortuna e sorte. O trevo é uma pequena planta com três ou quatro folículos, mas este último tipo é muito raro. Existe uma lenda que diz que quando Eva foi forçada a deixar o paraíso, ela teria trazido consigo um trevo de quatro folhas para garantir a boa sorte. Para os Celtas, o trevo de quatro folhas simboliza boa sorte. É comum achar quem diga que alguém que encontrar um trevo de quatro folhas terá sorte eterna e vida longa.
Uirapuru: [PRÁTICA ILEGAL] Designação de aves das famílias Certhiidae e Tyrannidae, sendo muito presente nos contos dos Indígenas e dos povos do norte do Brasil, onde se diz que se trata de um deus transformado em pássaro. Tal fama se deve ao fato de que, quando ele aparece na mata e faz ouvir seu canto, dizem que todos os pássaros da vizinhança reúnem-se para ouvi-lo, formando ajuntamentos bastante similares aos observados na Europa com a coruja. Também chamado irapuru, guirapuru, arapuru, irapurá, virapuru, tangará, rendeira, pássaro-de-fandango e realejo, torna-se talismã (ou também amuleto) ao ser abatido e preparado por um pajé ou feiticeiro, passando a atrair felicidade e fortunas para quem o possuir. Vale salientar que essa prática é um exemplo daqueles tipos de crimes que levam a extinção de uma espécie animal.
Uraniborg: Este edifício científico renascentista foi interpretado como um talismã astrológico para apoiar o trabalho e a saúde dos estudiosos que trabalham dentro dele, projetados usando o mecanismo teórico de influência astrológica de Marsilio Ficino. As proporções de comprimento que o designer, astrólogo e alquimista Tycho Brahe, trabalharam no prédio e em seus jardins correspondem àquelas que Heinrich Cornelius Agrippa associou a Júpiter e ao sol. Essa escolha teria neutralizado a tendência dos estudiosos de ser fleumática, melancólica e excessivamente influenciada pelo planeta Saturno.
Zulfiqar: A espada mágica de Ali ibne Abi Talibe (4º califa ou sucessor de Maomé), frequentemente retratada em bandeiras otomanas, especialmente quando usada pela cavalaria janízara, nos séculos XVI e XVII. Os talismãs dos guerreiros Qizilbash trazem a oração de: "Líder de homens de armas / O leão de Yazdan / Pode pelo mais alto (Deus) / Não há ninguém como Ali / Nenhuma espada como Zulfiqar." Um registro de "Viva como Ali, morra como Hussein" como parte de uma longa inscrição talismânica foi publicado por Tewfik Canaan no "he Decipherment of Persian and sometimes Arabic Talismans" (1938).
Ainda hoje existe uma atenção especial para a preparação dos talismãs, pois as escolas mágicas tradicionais aconselham que um talismã deve ser criado pela própria pessoa que pretende utilizá-lo, uma vez que o toque pessoal dela gera uma conexão harmoniosa que amplifica o poder do objetivo original, enquanto permanecer em sua posse. Geralmente feitos de substâncias naturais, como marfim, pedras preciosas e madeira, esses pequenos objetos podem conter sinais e símbolos geomânticos, cores, aromas, simbologias, padrões e figuras cabalísticas, além de inscrições, como sigilos (emblemas mágicos), versículos da Bíblia ou sonetos.
E você, acredita em talismãs? Conhece algum que não consta nos exemplos apresentados acima?
Carpa: Na Polônia, onde existe a tradição de se comer carpa na véspera do Natal, crer-se que manter as escamas deste peixe na carteira, atrai prosperidade e sorte ao longo do novo ano que chega. No Japão, existe uma lenda que diz que Koi Fish (carpa em japonês), após lutar contra a correnteza e subir o rio, transformou-se em um Dragão. Assim, devido a sua força e determinação em superar obstáculos, os japoneses consideram a Carpa como símbolo de perseverança, trazendo muito sucesso e ascensão pessoal ao seu portador. Na China, a Carpa é considerada um animal honrado, ao ser capturada, é um dos poucos peixes que não se debatem. Devido a sua característica de também ser um animal forte, que nada contra a correnteza, ela é o símbolo principal da honra Chinesa.
Estátuas de Louça (e outros materiais): Diversas figuras de louça são usadas para atrair sorte e dinheiro, atuando como uma das mais famosas superstições para fortuna no mundo. Devido aos altos níveis de inteligência e vida longa, os Elefantes representam a sabedoria e a longenvidade, sendo considerados em diversos países do Sudeste Asiático e em especial Índia, onde seu deus Ganesh é o removedor de obstáculos e portador da sorte, como símbolos de sorte. Por este motivo acredita-se que a estátua de um Elefante (geralmente, de costas) na entrada da casa, ou de um estabelecimento comercial, atrai dinheiro e sucesso nos negócios. Na Austrália, quando os aborígenes por lá chegaram, acreditavam que os sapos traziam os trovões e a chuva, necessário para o cultivo das plantações, e, por este motivo, a imagem deste animal logo foi associada a prosperidade, abundância e boa sorte. Hoje chamado de Sapo da Fortuna, são muito usados para atrair riqueza, devendo ser colocado sobre uma mesa e com uma moeda em sua boca. Para os japoneses, existem inúmeros exemplos dessas estátuas, sendo mais populares o Daruma (miniatura do monge que teria fundado o Zen Budismo); Maneki-Neko (remete a lenda do "gato financeiro"); o Tanuki (animal fictício que traz alegria e bondade); o Omamori (originário do Xintoísmo, pode ser em madeira ou papel); e os Sete Deuses da Felicidade (remete a lenda do Shichifukujin Meguri ou a Visita dos Sete Deuses da Felicidade). Na China, as imagenzinhas do Buda da Riqueza (aquela sorridente) é bastante popular por acreditarem que ele atrai fortunas. Na cultura alemã, os Porcos representam prosperidade e riqueza. E por isso, no Ano Novo, a tradição indica que se deve oferecer porquinhos confeccionados em marzipã para todos àqueles que se quer bem. Na Suécia, um famoso símbolo de boa sorte é o Cavalo de Dalarna ou Cavalo Dalecarliano, figura em madeira tradicional da região de Dalarna, com forma de um cavalo e geralmente pintada de vermelho. Sua lenda apócrifa conta que, soldados leais ao rei Carlos XII foram alojados na região Dalarna e esculpiam os brinquedos como presentes para seus anfitriões em 1716. No Egito, os Escaravelhos são vistos como insetos que trazem sorte, e que representam o renascimento e a transformação. Consideram que este inseto é o símbolo do Sol nascente e protetor de todo o mal (amuleto).
Talismã cristão (Breverl), século XVIII |
Figa: No Brasil e em Portugal, se acredita que a Figa é capaz de armazenar toda a sorte que o portador ainda não utilizou, sendo que perdê-la ou quebrá-la, significa dizer que a sorte de seu portador acabou. Nestes mesmos países, a Figa é ainda utilizada como amuleto contra o olho gordo. Entretanto, acredita-se que este gesto com um polegar entre os dedos ter se originado na cultura da Índia antiga, como representação do Lingam unido ao Yoni, que significa "a indivisibilidade do homem e da mulher, o espaço passivo e o tempo ativo a partir do qual toda a vida tem origem". Na Itália, esse sinal era conhecido como Mano in Fico (mão de figo) ou Far le Fiche (gesto de boceta), pela semelhança com a genitália feminina, representando um gesto comum e muito rude nos séculos passados e associado ao erotismo, semelhante ao dedo médio levantado, mas há muito tempo caiu em desuso. Na Grécia e particularmente nas Ilhas Jônicas, esse gesto ainda é usado como uma alternativa à moutza. É conhecido como "punho-falo" e pode ser acompanhado pela extensão da mão direita enquanto aperta a mão esquerda sob a axila de uma maneira depreciativa.
Fitinhas no gradil da Igreja do Senhor do Bonfim |
Grilo: Aborígenes americanos consideravam que os Grilos eram portadores de sorte. Dessa forma, acreditavam que imitar o seu "canto" algo extremamente desrespeitoso. Os chineses preferem carregá-los junto ao peito para ajudar a enfrentar as fases ruins na vida ou para espantar tristeza, sendo que também acreditam que o pouso de um Grilo sobre uma pessoa significa muita sorte. Para os Nativos do oeste dos EUA, os grilos são considerados percursores de problemas, enquanto para aqueles da América do Sul, são um sinal de boa sorte. Os cheyennes acreditavam que os Grilos podiam predizer os movimentos dos rebanhos de búfalos, enquanto tribos do Sudeste, como os Cherokee, os retratavam como seres que conseguiam ter sucesso em qualquer empreendimento apesar do seu tamanho. Como produto desta mistura de culturas, muitos hoje consideram que os Grilos são capazes de prever chuvas, morte, má sorte, boa sorte, ganho financeiro ou retorno de amores antigos.
Joaninha: De acordo com a biologia, o inseto é capaz de atuar como controle biológico, isto é, ela consegue diminuir a população de organismos considerados pragas (parasitas, fungos e pulgões), protegendo, por conseguinte, as plantações. Por este motivo, ela sempre foi considerada uma benção pela religião católica na Antiguidade. Na Era Medieval, a Joaninha era chamada de "besouro de Nossa Senhora", sendo sua figura associada com a sorte, fé, felicidade, serenidade e boa fortuna.
Lâmpada de Aladim: Popularizada no mundo inteiro através do conto Aladim e a Lâmpada Maravilhosa (1709), que fora acrescentada à coletânea árabe As Mil e Uma Noites pelo orientalista francês Antoine Galland, esse talismã era uma lamparina semelhante àquelas utilizadas na iluminação doméstica, mas que continha um "gênio" (em árabe djin) que a habitava e que era capaz de realizar todo e qualquer desejo a ele dirigido. Esse objeto é a essência do talismã. Apesar de provindo da literatura, tal como o anel de Polícrates, a Lâmpada de Aladim vive até os tempos atuais e pessoas ainda fantasiam em encontrá-la.
Buda da Riqueza |
Morcego Vermelho: Especialmente na China, acredita-se que o morcego vermelho (não. não é o super-herói da Disney) atrai felicidade. Os chineses o vêm como um símbolo de logenvidade e boa sorte, acreditando também que ele é responsável por afastar o mal (amuleto). Vale salientar que, o morcego-vermelho (myotis ruber), que está ameaçado de extinção, recebe este nome por apresentar pelos avermelhados.
Número 8: Os chineses tendem a usar esse número na escolha de datas para eventos e decisões importantes. Como vimos no post 13 - Os Números de Poder, acontece que a palavra chinesa para "oito" e a palavra para "riqueza" são muito semelhantes, e por isso eles acreditam que este número seja extremamente sortudo.
Olho de Boto: [PRÁTICA ILEGAL] A partir da Lenda do Boto, criou-se a ilusão de que capturar um boto, arrancar seus olhos (matando-o, por conseguinte), prepará-los junto a um pajé ou feiticeiro e carregá-los junto ao corpo traria para o portador sucesso na conquista das mulheres. Vale salientar que essa prática é um exemplo daqueles tipos de crimes que levam a extinção de uma espécie animal.
Ovo: As superstições sobre o Ovo estão ligadas, em sua maioria, ao espírito da fecundidade, por este motivo, muitas culturas antigas o consideraram símbolo de fertilidade e renascimento. Na Inglaterra, presentear alguém com um ovo branco significa desejar sorte, mas ao fazer o mesmo gesto com um Ovo marrom, estará se desejando tanto sorte, como felicidade. Antes de Cristo, a cultura "pagã" realizava a troca de ovos no Equinócio da Primavera. Contudo, após a Páscoa cristã começar a ser celebrada, o festejo da Primavera "pagão" foi integrado à Semana Santa e os cristãos passaram a ver o Ovo como um símbolo da ressurreição de Cristo.
Pedra de Bucho: Também conhecido como benzoar, trata-se na verdade de cálculo biliar bovino, sendo considerado um poderoso talismã afrodisíaco, além de ser grande remédio. Como talismã, ele deve ser carregado em segredo e muito bem escondidos para que afastem a impotência sexual. Dizem que suas propriedades milagrosas são capazes de curar pessoas acometidas por qualquer tipo de veneno, seja de cobra, escorpião ou aranha, além de extrair todo o veneno da corrente sanguínea.
Peixe: Alguns talismãs também podem ser utilizados como sinal ou código de uma crença particular. Por exemplo, para os Cristãos, o peixe era um símbolo de Cristo e foi usado por estes como senha quando eram perseguidos pelos Romanos. Já para os Orientais, o peixe é um talismã para se ter em casa e em dupla (para atrair em dobro), sendo símbolo de prosperidade, riqueza, abundância e fertilidade.
Pergaminho Talismânico |
Selo de Salomão: Também conhecido como Triângulo Entrelaçado ou Signo Salmão, é um antigo talismã e amuleto que tem sido comumente usado em várias religiões. O triângulo com seu ápice para cima era típico da Trindade, que, como vimos no post 13 - Os Números de Poder, trata-se de uma figura que ocorrem em várias religiões. O triângulo com seu ápice para baixo simbolizava o elemento água e tipificava o mundo material, ou os três inimigos da alma: o mundo, a carne e o diabo, e os pecados capitais, inveja, ódio e malícia. Portanto, os dois triângulos entrelaçados representam a vitória do espírito sobre a matéria. As primeiras culturas que contribuíram para a civilização ocidental acreditavam que o Selo de Salomão era um talismã e amuleto todo-poderoso, especialmente quando usado com uma cruz de Tau, o hebraico Yodh ou o egípcio Crux Ansata no centro.
Suástica em várias formas |
Trevo de Quatro Folhas: É um dos símbolos mais antigos para atrair boa fortuna e sorte. O trevo é uma pequena planta com três ou quatro folículos, mas este último tipo é muito raro. Existe uma lenda que diz que quando Eva foi forçada a deixar o paraíso, ela teria trazido consigo um trevo de quatro folhas para garantir a boa sorte. Para os Celtas, o trevo de quatro folhas simboliza boa sorte. É comum achar quem diga que alguém que encontrar um trevo de quatro folhas terá sorte eterna e vida longa.
Uirapuru: [PRÁTICA ILEGAL] Designação de aves das famílias Certhiidae e Tyrannidae, sendo muito presente nos contos dos Indígenas e dos povos do norte do Brasil, onde se diz que se trata de um deus transformado em pássaro. Tal fama se deve ao fato de que, quando ele aparece na mata e faz ouvir seu canto, dizem que todos os pássaros da vizinhança reúnem-se para ouvi-lo, formando ajuntamentos bastante similares aos observados na Europa com a coruja. Também chamado irapuru, guirapuru, arapuru, irapurá, virapuru, tangará, rendeira, pássaro-de-fandango e realejo, torna-se talismã (ou também amuleto) ao ser abatido e preparado por um pajé ou feiticeiro, passando a atrair felicidade e fortunas para quem o possuir. Vale salientar que essa prática é um exemplo daqueles tipos de crimes que levam a extinção de uma espécie animal.
Uraniborg |
Representação da Zulfiqar em bandeiras |
Ainda hoje existe uma atenção especial para a preparação dos talismãs, pois as escolas mágicas tradicionais aconselham que um talismã deve ser criado pela própria pessoa que pretende utilizá-lo, uma vez que o toque pessoal dela gera uma conexão harmoniosa que amplifica o poder do objetivo original, enquanto permanecer em sua posse. Geralmente feitos de substâncias naturais, como marfim, pedras preciosas e madeira, esses pequenos objetos podem conter sinais e símbolos geomânticos, cores, aromas, simbologias, padrões e figuras cabalísticas, além de inscrições, como sigilos (emblemas mágicos), versículos da Bíblia ou sonetos.
E você, acredita em talismãs? Conhece algum que não consta nos exemplos apresentados acima?
→ BRUCE-MITFORD, Miranda. Signs and Simbols. Londres: Dorling Kindersley Limited, 2008.
→ GRANT, Ember. O Livro Mágico dos Cristais: Encantamentos, rituais e talismãs para amor, proteção, prosperidade e bem-estar. Ed. 1. Tradução por Denise de Carvalho Rocha - São Paulo: Pensamento, 2018.
→ CASCUDO, Luís da C. Dicionário do Folclore Brasileiro. São Paulo: Global, 2001.
→ ENCICLOPÉDIA Universal Gamma. Rio de Janeiro: Edições GAMMA, 1982. 10 v.
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